Christian Zini Amorim comenta que o setor de mineração, além de complexo e altamente regulado, enfrenta uma das cargas tributárias mais elevadas da economia brasileira. Empresas mineradoras lidam com tributos federais, estaduais e municipais, além de contribuições setoriais específicas como a CFEM (Compensação Financeira pela Exploração Mineral). Nesse cenário, o planejamento tributário surge como ferramenta indispensável para reduzir custos, manter a competitividade e evitar autuações fiscais.
No entanto, é fundamental que esse planejamento esteja dentro dos limites legais. Estruturas artificiais, simulações de operações ou práticas com foco exclusivo na redução de tributos podem ser enquadradas como abuso, gerando sanções severas. A chave está em buscar alternativas lícitas e sustentáveis, adaptadas à realidade da empresa.
Principais tributos que incidem sobre a atividade minerária
A mineração é tributada por uma série de obrigações fiscais, como IRPJ, CSLL, PIS, Cofins, ICMS, além da CFEM e eventuais taxas ambientais estaduais e municipais. Cada fase da operação, pesquisa, lavra, beneficiamento, transporte e comercialização, pode gerar diferentes fatos geradores, exigindo atenção contínua e gestão tributária integrada.

De acordo com Christian Zini Amorim, muitos erros ocorrem pela falta de controle detalhado das operações ou pela ausência de atualização frente às mudanças na legislação. A apuração incorreta da CFEM, por exemplo, é uma das causas mais frequentes de autuações, especialmente quando há divergência entre o valor da venda declarado e o valor real de mercado do bem mineral extraído.
Como o planejamento tributário pode reduzir a carga fiscal
Com base em uma análise jurídica e contábil minuciosa, é possível identificar regimes tributários mais vantajosos, aproveitar créditos fiscais, compensar prejuízos acumulados e reorganizar processos internos de forma eficiente. A escolha entre lucro real e lucro presumido, por exemplo, pode ter grande impacto sobre o resultado final da empresa e deve considerar o perfil da operação e as margens de lucro efetivas.
Christian Zini Amorim destaca que também é possível estruturar operações logísticas e contratuais que otimizem a tributação sem infringir normas. A separação clara entre as atividades de extração e beneficiamento, a correta classificação fiscal dos produtos e a gestão de insumos e despesas dedutíveis são estratégias comuns dentro da legalidade. Quando bem aplicadas, essas medidas reduzem a exposição a autuações e aumentam a previsibilidade financeira.
Riscos da elisão agressiva e os limites legais
É importante diferenciar o planejamento tributário lícito da chamada elisão fiscal abusiva. Estruturas criadas com o único objetivo de escapar do pagamento de tributos, sem substância econômica ou com interposições artificiais, são alvos cada vez mais frequentes da Receita Federal e do CARF. O uso de empresas de fachada, operações simuladas ou transferências artificiais de lucros são práticas que, além de anuladas judicialmente, podem resultar em multas elevadas e responsabilização dos gestores.
Segundo Christian Zini Amorim, a jurisprudência tem sido rigorosa com empresas que ultrapassam os limites do planejamento legítimo. Por isso, o caminho mais seguro é adotar estratégias transparentes, documentadas e respaldadas por pareceres técnicos, garantindo que a motivação econômica e a finalidade negocial estejam presentes em todas as decisões tributárias da empresa.
Compliance fiscal e prevenção de autuações
Além do planejamento, o cumprimento rigoroso das obrigações acessórias é essencial para evitar autuações. Escrituração correta, declarações fiscais em dia, relatórios consistentes e documentação de suporte são pilares de um bom compliance tributário. Empresas mineradoras devem investir em sistemas de gestão integrados, auditorias periódicas e atualização contínua da equipe técnica.
Christian Zini Amorim reforça que o planejamento tributário, quando aliado a uma cultura interna de conformidade fiscal, protege a empresa não apenas financeiramente, mas também em termos reputacionais. Em um setor cada vez mais visado por órgãos de controle, a transparência e a responsabilidade tributária são diferenciais estratégicos de longo prazo.
Autor: Svetlana Galina